Homem da lua

Thursday, January 25, 2007

Os inúteis num dia de tempestade

Sim, nós nos entretemos mesmo que nada aconteça. E se nos vierem confrontar com a mesquinhez dos nossos projectos, nós sorrimos com a vossa enorme ilusão. Encostados aos postes compridos, sentados nas costas de bancos de jardins, conspurcando as velhas ruas sombrias e sonolentas, ignorando os gritos estéreis de miúdas barulhentas, e inclusive admirando os vagos raios solarengos da praia molhada. Olhamos para as conchas com a garantia do amanhã que virá. E escutamos a sua voz, com esperança de que os nossos sobretudos e gabardinas, cachecóis e chapéus, possam enganar todos os ventos e tempestades que se aproximam.

Tuesday, January 23, 2007

Sobre a minha casa ser o mundo

As doces elegias que ouço durante o meu caminho pelo corredor até à sala fazem-me sonhar com as coisas que nunca fiz. Todos os projectos esquematizados com os prazos adiados e horizontes infindos que buscava durante a minha fugaz juventude. Hoje os sorrisos que interludem a minha desfaçatez perante a vida passada mais não são do que ecos de coros de actores que povoavam as obras cénicas com que, vejo agora, me rodeei durante os passos do caminho imaginado. O próprio trono construído sob o meu corpo fez parte da minha imaginação. A coroa e os troféus que proclamariam as minhas vitórias, os palácios e os castelos que assentariam o meu reino, tudo faria parte desse percurso. Hoje levo apenas em mim esses resquícios do passado nunca executado. Quando ando em minha casa e me dou conta que há um mundo a descobrir.

Thursday, January 18, 2007

Moralistas

Ver de repente e num espaço de tempo fugaz o que outras pessoas fazem e julgar pelas tuas leis. Saber que outras pessoas não se interessam por nada daquilo que tu pensas e arengar como se cada palavra tua fosse inscrita em sangue na barriga dos incrédulos. Identificar pormenores que desconsideras e proclamar que todo o mundo o faz. Aconselhar como se fosses a única pessoa que sabe distinguir a diferença entre quem tem ou não razão, e identificá-la mesmo, carimbando em testas pequeninas a distinção a ferro em brasa. E, sobretudo, seguir em frente, cego, surdo, mudo, paralítico. Porque só assim não ouves nem sentes as pessoas que se riem de ti.

Wednesday, January 10, 2007

Black (dos Pearl Jam)

É tão fácil sofrer que chego a esperar ansiosamente por novas formas e descobrir novas texturas no coração apertado por uma indefinição constante de ausência. Porque me fazes falta. Vejo-te a escuro em tudo o que vejo no mundo. É o frio que me atormenta ao sentir o futuro presente quando olho para o sol e vejo nuvens que me aproximam da noite. Procuro por ti, não te encontro. A desistência é uma palavra vã...Todos os dias acordo com uma cada vez mais vontade de te alcançar de novo...

Saturday, November 11, 2006

Mauresmo














É uma mulher muito incomodativa. O tipo de pessoa que é uma desmancha-prazeres. Sempre que vejo um jogo de ténis com Mauresmo, quero que perca. Mas que aborrecido! Nunca perde. Caramba, nunca joga mal! Tenho a absurda impressão que o bom ténis que possui lhe é dado apenas por questões associadas com a sorte. É mesquinho da minha parte, sei-o. Mas temo que seja a verdade, caros amigos admiradores de Amélie. Para agravar, é francesa, esse povo típico que clama uma superioridade moral sobre os outros povos que não possui verdadeiramente. Tal e qual esta Mauresmo.